Mandragora não tenta reinventar o gênero. Ele caminha entre as já conhecidas fórmulas do metroidvania e do soulslike, mas faz isso com personalidade, estilo visual marcante e uma profundidade narrativa que surpreende. Desenvolvido pela Primal Game Studio e ainda em processo de maturação, o título é uma joia lapidada à mão — com gráficos belíssimos, ambientação sombria e mecânicas que evoluem à medida que o jogador mergulha mais fundo no mundo decadente que o jogo apresenta.
Com a chegada da atualização 1.5, Mandragora demonstra não só que está vivo, mas que está em constante refinamento. Neste artigo, além de explorar o que há de novo na atualização, compartilho minhas impressões pessoais de quem se surpreendeu positivamente com o título — tanto em gameplay quanto em atmosfera.

Um mundo sombrio, artesanal e envolvente
A primeira coisa que salta aos olhos ao iniciar Mandragora é seu estilo visual. Há algo de artesanal em cada cenário, como se tudo fosse pintado à mão. A direção de arte é primorosa, com cores saturadas nos momentos certos e um tom quase gótico que domina os ambientes — evocando ao mesmo tempo beleza e desconforto.
É um jogo onde cada plano de fundo parece contar uma história silenciosa, e cada região visitada tem uma identidade visual própria. Apesar de ser um metroidvania, Mandragora se destaca por suas paisagens vivas e detalhadas, algo que muitos jogos do gênero ainda tratam como plano secundário.
Mecânicas sólidas e um desafio bem dosado
O gameplay de Mandragora começa de maneira modesta. No início, parece que estamos lidando com algo simples e previsível. Mas basta avançar um pouco para perceber que essa foi uma escolha consciente dos desenvolvedores: a curva de aprendizado é gradual e eficiente.
Ao longo da jornada, o jogo se torna mais desafiador. A introdução de novas mecânicas, inimigos mais inteligentes e ambientes cada vez mais hostis mantém o jogador atento. Para quem aprecia um bom desafio, sem cair no punitivismo exagerado de alguns soulslikes, Mandragora acerta em cheio no equilíbrio.
Além disso, o título oferece sistemas de build únicos. A árvore de habilidades é ampla e permite diversas combinações, o que incentiva a rejogabilidade. É possível experimentar estilos completamente diferentes em cada partida — desde magos poderosos a combatentes corpo a corpo brutais — e cada caminho oferece suas próprias vantagens, armadilhas e recompensas.
Narrativa com peso e dilemas morais
Sem spoilers, a trama de Mandragora surpreende por abordar temas que fogem do trivial. O pano de fundo é permeado por temas religiosos, filosóficos e existenciais. Conforme avançamos, nos deparamos com situações que não são simplesmente boas ou más — mas ambíguas, que nos forçam a refletir sobre as consequências dos nossos atos enquanto protagonistas.
Essa camada narrativa adiciona profundidade e instiga o jogador a pensar: será que o que estou fazendo está certo? — um dilema raramente explorado com tanta elegância em jogos de ação.

Atualização 1.5: Mais conteúdo, polimento e melhorias
A mais recente atualização 1.5 chegou como uma celebração para a comunidade que já vinha acompanhando o desenvolvimento do jogo. E mesmo para quem está começando agora, a nova versão representa uma experiência ainda mais refinada.
Entre os principais destaques da 1.5:
- Melhorias no balanceamento das classes e inimigos, tornando a experiência mais fluida e justa;
- Ajustes na árvore de habilidades, com a adição de novos ramos e melhorias visuais nos pontos de evolução;
- Novas áreas e microeventos no mapa, expandindo as possibilidades de exploração;
- Correções de bugs e otimizações de performance, incluindo tempos de carregamento reduzidos;
- Melhorias no combate, com maior responsividade nos ataques e fluidez nas animações;
- Expansão do conteúdo narrativo, com diálogos revisados e pequenas cutscenes adicionadas em pontos cruciais da história;
- Novos equipamentos e itens únicos, incentivando novas estratégias de progressão;
- Localização mais precisa, com uma tradução em português mais natural e menos truncada.
Esses pontos reforçam que Mandragora está evoluindo constantemente — e não apenas em quantidade de conteúdo, mas em qualidade de refinamento.
Vanguarda

Agente das Chamas

Arcanista do Caos

Sombra-da-Noite

Vigilante Selvagem

Celestial

Impressões pessoais: Um jogo que cresce com você
Como jogador acostumado a títulos do gênero, eu confesso que fui para Mandragora esperando mais do mesmo. E que bom que me enganei. Fui surpreendido por um título que não tem medo de tomar seu tempo, de deixar as coisas se desenvolverem com calma — e que recompensa a paciência com conteúdo rico e satisfatório.
Adorei a maneira como o jogo mistura combate intenso com momentos contemplativos. As trilhas sonoras sombrias, os detalhes visuais, e até o silêncio entre uma área e outra criam uma imersão impressionante.
Gostei, também, do fato de Mandragora não te forçar a um único estilo de jogo. Você pode focar em dano, resistência, magias, combos — e isso muda completamente a experiência. A possibilidade de montar builds únicas e experimentar formas diferentes de jogar é um dos maiores trunfos aqui.
Por fim, a narrativa me pegou de surpresa. É profunda, desconfortável às vezes, e levanta reflexões morais importantes. Em um mercado onde tantos jogos apenas colocam o jogador em uma sequência de missões sem profundidade, esse diferencial é digno de destaque.
Critério | Nota (0 a 10) | Comentário Breve |
---|---|---|
Diversão | 9 | Jogo viciante e instigante, difícil de largar. |
Gameplay | 8 | Mecânicas sólidas e intuitivas, mas com espaço para refino. |
Qualidade Gráfica | 10 | Visual artesanal impressionante e coeso. |
Desempenho | 7 | Alguns bugs e quedas de FPS em áreas densas. |
Trilha Sonora e Áudio | 8 | Ótima ambientação e efeitos, dublagem competente. |
Narrativa e Ambientação | 9 | História profunda e moralmente ambígua. |
Inovação | 7 | Não revoluciona, mas entrega com personalidade. |
Rejogabilidade | 9 | Árvores de habilidade e estilos variados. |
Custo-benefício | 10 | Vale cada centavo, especialmente com as atualizações. |
Nota Final: ⭐ 8.5 / 10
O estado atual do jogo: Mandragora está pronto?
Mandragora ainda não é perfeito. Algumas hitboxes podem parecer imprecisas, a dificuldade em certos chefes pode oscilar um pouco, e há pequenos bugs visuais. Mas é evidente que a Primal Game Studio está ouvindo a comunidade, e a atualização 1.5 prova isso com clareza.
Se você é fã de metroidvanias desafiadores, com ambientação densa e narrativa significativa, o jogo já oferece conteúdo de sobra para te manter imerso por dezenas de horas. E com o ritmo constante de atualizações, é promissor pensar no que vem pela frente.
Um jogo com alma e futuro
Mandragora não apenas entrega o que promete, ele ultrapassa as expectativas de quem busca um título com identidade, desafio e profundidade. A versão 1.5 reforça esse caminho, lapidando a experiência e oferecendo novos motivos para jogadores novos e veteranos continuarem explorando esse mundo sombrio e encantador.
É um daqueles jogos que crescem com o jogador. E isso, nos dias de hoje, é raro.